Quando tudo começou eu sonhava que todos os autistas pudessem receber um tratamento de qualidade e com eficácia comprovada como a ciência ABA, e que suas famílias pudessem ser acolhidas e sentissem confiantes ao trabalho desenvolvido.
Acreditava que esse era um direito de todo autista e suas famílias, sonhava em oferecer esse trabalho e que elas pudessem ter acesso a ele.
E assim iniciei essa viagem ao desconhecido, não sabia o que ia passar e por mais que eu soubesse aonde queria chegar, havia muita incerteza.
Na bagagem de uma mala, havia alguns brinquedos acompanhada de muita disposição, carinho, amor e respeito.
Já com as malas e sacolas cheias de brinquedos, jogos e muito objetivo a ser atingido dei início a esse sonho.
O atendimento era domiciliar e aos poucos o sonho ia tornando-se real, comecei com uma criança, logo uma outra mãe soube e fez contato, e depois outra e tudo ia fazendo sentido, até que o porta malas, os bancos, enfim, o carro já não comportava mais tantas malas, sacolas e brinquedos. As crianças já estavam maiores e a transição para o atendimento em um contexto fora da casa já era necessário e importante.
A sala ficou linda e todos eles se adaptaram muito bem a mudança, o desenvolvimento de cada um deles me mostrava que estava no caminho certo e me motivava a continuar fazendo o meu melhor e assim como o carro, aquela sala ficou pequena para o meu sonho.
Havia de se fazer uma escolha e era preciso tomar uma decisão, eu podia ficar ali naquela sala, só eu e elas e o sonho parava por ali, ou sair para um espaço maior e assumir um novo papel e tornar esse sonho maior e acessível a mais famílias.
Confesso que esse momento foi um dos mais desafiadores para mim, era o momento de tomar uma decisão muito importante e além disso eu teria que assumir novas responsabilidades, e a pergunta era, estava preparada para isso?